Em sânscrito, a palavra Rajonivritti é composta por 2 radicais: Raja que significa menstruação e Nivritti que significa fim. De forma semelhante, em latim, temos a palavra menopausa, que significa o fim ou a pausa dos ciclos mensais (‘men’) femininos.
Menopausa é um termo que designa a cessação dos ciclos menstruais, sendo representada pela última menstruarão em si, enquanto o climatério é todo um período que compreende as mudanças que acontecem no corpo e na mente da mulher como resultado da subsequente queda do principal hormônio feminino chamado estrógeno. Esse período de climatério tem duração variável a depender da mulher e estudos atuais garantem que esta fase de sinais e sintomas variáveis pode durar algo em torno de um ano até vinte anos na vida de uma mulher.
Os principais sinais e sintomas que observamos com a queda desde hormônio, levando a um rearranjo total do metabolismo da mulher em vários níveis – inclusive num nível sutil e espiritual - são: insônia, aumento de flatulências, fogachos, calores noturnos, mudanças dos paradigmas psicológicos e sentimentais, redistribuição do padrão de gordura corporal que agora tende a se concentrar mais no tronco, diminuição da capacidade metabólica, tendência a ansiedade. O que acontece também é que a mulher fica, a partir desse momento, mais susceptível a doenças cardiovasculares, osteopenia e osteoporose porque o estrógeno é um hormônio protetor da saúde da mulher.
Para o Ayurveda, esta fase do climatério conhecida como Rajonivritti, é uma fase de transição de ciclo de vida, passando de uma fase majoritariamente Pitta – energia de fogo, que nos dá ímpeto para as conquistas da vida, disposição de trabalha, força de ação e direcionamento – para uma fase majoritariamente Vata – energia sutil, mental, de adaptabilidade, criatividade, expansão, conexão.
Como eu sempre digo, a natureza não faz nada de forma errônea e esta transição acontece de forma a propiciar a mulher uma nova fase, agora mais voltada para si mesma, para a auto analise, pra entender o que gosta e o que não gosta, quem verdadeiramente é, e sobretudo, propicia a facilidade de conexão com o mundo espiritual da mulher, uma conexão com a energia onipotente, onipresente e causadora de todas as coisas. É uma ótima oportunidade na vida para o desenvolvimento espiritual.
É lógico que fases de transição não são fases fáceis. São fases que exigem entrega, entendimento, auto amor, adaptação. E, para que esta adaptação aconteça de forma mais suave e amena possível, sem grandes sinais e sintomas que possam impactar negativamente na vida da mulher, o Ayurveda recomenda uma postura preventiva, ou seja, enaltece a necessidade da mulher cuidar de todos os seus ciclos menstruais pregressos (o que é chamado de Rajaswala Paricharya), além de viver uma rotina levando em consideração sua constituição original e seu potencial metabólico (Agni) para que este período de transição chamado climatério seja vivido da forma mais saudável e prazerosa.
A partir do momento em que a mulher entra na fase do climatério, o Ayurveda também propõe uma serie de cuidados e rotinas para equilibrá-la. Há diversas massagens, terapias externas, terapias voltadas para o controle da mente, técnicas de Yoga que podem ajudar bastante.
Também é recomendado que se siga uma alimentação que leve em consideração sua Prakriti e Vikriti, constituição original e a forma como se apresenta atualmente respectivamente, aliada a uma abordagem nutritiva e rejuvenescedora para os tecidos (Rasayana).
Seguir o Dinacharya, ou rotina diária do Ayurveda, tende a dar estabilidade para esta mulher, introduzindo no dia a dia pequenos mantras como LAM, uso de pedras preciosas, cromoterapia e terapias com óleo medicado com abhyanga e shirodhara de forma rotineira.
Além de tudo isto, existem ervas fantásticas fito estrogênicas ou não, que ajudam de forma global na manutenção do equilíbrio da mulher no climatério e em queixas especificas que ela venha a ter. Estes compostos e ervas têm alta efetividade, com muito menos efeitos colaterais do que a terapia de reposição hormonal oferecida pela medicina alopática atualmente. As ervas também agem de forma inteligente e em um nível energético da mulher, propiciando um tratamento mais individualizado e holístico.
Meu conselho é que as mulheres que se aproximam ou já estão nessa fase tenham um tempo diário de autoanálise. Olhem-se, não tenham medo de se redefinirem, de ir atrás de quem realmente são. Procurem conhecimento espiritual tanto de forma experimental quanto em leituras, cursos, aconselhamentos. Sua natureza estará aberta e propicia a isso.
Sim, é possível passar por esta fase minimizando os desconfortos e aproveitando a beleza do que ela tem de melhor.
Procurem um terapeuta Ayurvédico que possa dar um direcionamento mais específico para cada uma, nesta fase tão especial.
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