O Ayurveda possui uma forma bem interessante de ver a gravidez. Considera que no momento da concepção, ou seja, no momento da união do ovulo com o espermatozoide, há a entrada de uma alma pré-determinada para aquele casal e que descende no corpo daquela mulher pela ligação de vidas passadas e pela ligação de amor que existe entre essas pessoas que futuramente irão compor esta família.
Percebemos então, que para o Ayurveda, gestar uma nova vida é algo muito além do que uma sucessão de grandes coincidências e avanços num nível bioquímico, mas é também um evento espiritual e deve ser tratado como tal.
Esse casal, em especial a mulher, tem dentro de si, um potencial imenso capaz de gerar, dar abrigo, proteger, nutrir e dar luz a um novo ser humano. Essa força capaz de “criar” um indivíduo é algo que nos liga, sem sombra de dúvidas, a algo divino, a nosso lado mais transcendente e próximo ao absoluto em si.
Para as filosofias védicas, o grande objetivo de se ter uma prole, além de perpetuar os laços criados entre gerações e perpetuar a espécie e as linhagens e descendências, é sobretudo, colocar no mundo crianças que saibam identificar seus potenciais e que possam colocar suas melhores características afim de ajudar na evolução de todos os seres, na evolução desse planeta e nos colocar alinhados com o Sanatana Dharma, o grande caminho de evolução espiritual.
Para facilitar este caminho, é recomendado que a gravidez seja planejada, que este filho seja desejado e amado pelo casal e que toda a gestação seja abordada como esse evento milagroso, divino e espiritual.
O Ayurveda recomenda uma alimentação diferente, bem como uma rotina da gravida diferente a cada mês da gestação, porque afirma que existem ênfases de desenvolvimento tecidual e espiritual diferentes a cada mês e se queremos dar potência a esta formação física, energética e mental é necessário condutas diferentes durante os diferentes meses gestacionais.
Um exemplo disso, seria por exemplo, o quarto mês gestacional, no qual os principais textos ayurvedicos dizem que acontece o início da expressão da mente complexa do feto, que apesar de estar ali em estagio latente desde o inicio da gestação, apenas começa a se manifestar de maneira individual e separada da mente materna, a partir da 13ª semana de gestação.
Dessa forma, até 3 meses, os desejos que a mãe possa vir a ter são dela mesma e referem-se ao desejo por aumento do plasma e aumento dos tecidos para conseguir nutrir bem o bebê. No entanto, a partir do 4º mês, os tão falados desejos maternos passam a ser também uma demonstração dos desejos que vem da mente do bebê que agora passa a ficar mais ativa. Seus 5 sentidos já funcionam de maneira mais organizada, o bebê pode então ouvir, formar papilas gustativas baseadas nos sabores que a mãe consome via alimentação, pode enxergar alguns tons de luz e manifesta sentimentos como alegria, tristeza ou dor, impactando no estado mental da mãe.
Com sua sabedoria milenar, os textos ayurvedicos recomendam que sejam feitas então, cerimonias e rituais neste mês gestacional, para além de elevar seu aspecto espiritual e intelectual, deixar o binômio bebê e mãe feliz e preenchido de amor!
Assim, de forma similar, em cada mês da gestação, dá-se foco a um aspecto, como por exemplo, formação mais intensa de tecidos diferentes, da imunidade intrínseca do bebê, do brilho e saúde da pele e recomenda-se alimentos e ações que vão reforçar positivamente estes aspectos.
O objetivo é que se tenha no futuro uma criança feliz, saudável, com uma boa imunidade, compreensão ampla e clara da realidade a fim de que cada vez mais possamos avançar tanto no aspecto individual quanto como sociedade.
Caso queiram ter orientações mais especificas sobre o assunto, recomendo que procurem um terapeuta Ayurvédico próximo a vocês que poderá fornecer uma orientação mais individualizada e precisa!
E que esse conhecimento tão ancestral e milenar alcance todos os cantos desse nosso planeta!
Comments